quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quinto domingo da Quaresma - ano A


O evangelho do quinto domingo é da narração da ressurreição de Lazaro. O texto da ressurreição de Lázaro sempre foi compreendido na Igreja como preparação para os catecúmenos (adultos que se preparavam para receber o batismo na Vigília Pascal). É segundo essa compreensão que a Igreja coloca junto com o nosso texto de hoje, o texto da Samaritana (Jo 4) e do Cego de nascença, que são, respectivamente, os textos proclamados no terceiro e quarto domingo da Quaresma.
O tema do Batismo, no texto da ressurreição de Lázaro, está especialmente ligado ao tema da morte e da vida, isto fica explícito quando Tomé, ao perceber que retornar para a Judéia os colocaria em risco de morte, diz: “vamos também nós, para morrer com ele”. Morrer com Jesus é, pois, uma expressão batismal usada desde o inicio da Igreja. Como diz São Paulo: “Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele” Rom 6,8. E, assim, Lázaro se torna um modelo do catecúmeno, aquele que morre e ressuscita com Cristo.
A ressurreição de Lázaro, no evangelho de João, faz o mesmo papel da Transfiguração nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Nos sinóticos, a Transfiguração tem o papel pedagógico de fazer com que os discípulos acreditem que a morte não terá a última palavra sobre Jesus. Isso foi importante para que eles não se desesperassem diante da paixão de Jesus.
No nosso texto de hoje, os discípulos vêem o milagre que revela que Jesus é mais forte do que a morte. Isso já sinaliza para os discípulos que a morte não terá a última palavra sobre Jesus, e ele mesmo diz: “eu sou a ressurreição e a vida”. O milagre da ressurreição de Lázaro é uma forma pública de o Pai confirmar a autoridade de Jesus, como podemos ver na oração onde Jesus diz: “Pai, eu te dou graças por me teres atendido. Por certo, eu bem sabia que tu me atendes sempre, mas falei por causa desta multidão que me cerca, a fim de que eles creiam que tu me enviaste.”
Na Transfiguração o Pai diz: “este é meu Filho muito amado, ouvi-o”. No nosso texto vemos, na prática, a força da Palavra de Jesus: “tendo dito isso, exclamou com voz forte: ‘Lázaro, vem para fora!’ ”. É o poder da Palavra de Jesus que retira Lázaro da morte. Essa passagem também nos faz lembrar quando Jesus nos diz: “as ovelhas escutam a sua voz, ele chama a cada uma pelo nome e as leva para fora” (Jo 10,10).
Precisamos perceber os sinais de morte que estão presentes na nossa vida, como: falta de fé, egoísmo, sensualismo e tudo que nos impede de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo”. Na medida em que apresentarmos a Deus estes sinais de morte e nos empenharmos para vencê-los através dos meios que, através de sua Igreja, Deus nos propõe, escutaremos de Cristo ressuscitado a palavra que diz: “eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). E unidos a São Paulo, poderemos dizer: “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”.
Vejamos o que o Papa Bento XVI diz sobre o evangelho da ressureição de Lazaro, na sua mensagem para a Quaresma deste ano:
“Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança”
Juntos com toda Igreja, em clima de oração, digamos: “Ó Deus, por quem fomos remidos e adotados como filhos e filhas, velai sobre nós em vosso amor de Pai e concedei aos que crêem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

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