terça-feira, 15 de abril de 2014

Terça-feira da Semana Santa - Jo 13,21-33,36-38


 O nosso texto de hoje nos introduz com mais força no clima da paixão de Cristo, com Jesus, “comovido interiormente”, declarando que um dos seus discípulos irá traí-lo; isso depois de Jesus já ter anunciado esta mesma traição em Jo 10,18. Agora é o momento decisivo, onde Judas toma a iniciativa da traição.
Na traição de Judas, percebemos algo que fica muito evidente: a paixão e morte de Jesus é a batalha final entre Jesus e satanás, porque Judas fica possuído por satanás: “satanás entrou nele”. Assim podemos perceber que tudo que se desenrolará nos momentos que acontecerão, como: a traição de Judas, o julgamento das autoridades judaicas e o processo diante de Pilatos, são apenas coisas que podemos ver superficialmente; eles são os meios que o inimigo de Deus usa para atacar Jesus. Jesus tem consciência que, na verdade, ele enfrenta o príncipe deste mundo.
Esta grande batalha é entre Jesus e o príncipe deste mundo. Mas o evangelho de João também nos faz ver aonde é travada esta batalha: o campo de batalha é o coração humano. Assim, o objetivo de cada lado é conquistar o coração humano, e duas pessoas vão sinalizar esta realidade: o discípulo amado e Judas
No nosso texto de hoje, o discípulo amado está com a cabeça recostada no lado de Jesus. Podemos dizer: escutando o coração de Jesus. Está completamente voltado, direcionado para Jesus; e sua intimidade com o mestre é tal que Jesus o responde de forma direta. Jesus revela seus mistérios ao discípulo amado. Nele percebemos a vitória da batalha da luz contra as trevas. A luz foi acolhida no seu coração, como o próprio Jesus proclamou: “eu sou a luz do mundo, quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Assim, o discípulo amado é um filho da luz.
 Na pessoa de Judas vemos o outro lado da batalha: aquele que sucumbiu às tentações do príncipe deste mundo; ele tomou o lado das trevas, assumiu para si o lado de satanás. Por isso, é profundamente simbólico que, quando Judas sai para executar a traição de Jesus – pois já tinha decidido isso no seu coração –, o evangelista diga: “era noite”.
A noite é mais do que uma referência cronológica: é um símbolo do que tinha acontecido no coração de Judas. As trevas tinham tomado conta do coração dele e ele, apesar de estar tão próximo de Jesus, não o segue. Assim, naquele momento, Judas é um filho das trevas.
Que possamos nesta terça-feira santa escolher o lugar do discípulo amado – nestes dias tão especiais que nos aproximam da paixão de Jesus – e assim nos tornar filhos da luz

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